by JCosta
Em foco: o julgamento de Adolf Otto Eichmann, que teve o posto militar de
Tenente-Coronel da SS, polícia militar do regime nazista alemão, durante a
Segunda Guerra Mundial, período compreendido entre 1939 e 1945.
Eichmann foi levado a
julgamento no tribunal de Nuremberg acusado de ter cometido crimes contra a
humanidade, sendo responsabilizado pela logística de extermínio de milhões de
pessoas no final da Segunda Guerra, a chamada “Solução Final”, operação na qual
organizou a identificação e o transporte de pessoas para diferentes campos de
concentração, tendo sido reconhecido como executor-chefe do Terceiro Reich.
Em “Banalidade do mal”,
entram em cena as figuras de Hanna Arendt, doutora em sociologia e o réu Adolf
Otto Eichmann e uma plateia interessada em ouvir argumentos que permitissem
explicar os motivos que levaram uma pessoa no papel do Tenente-Coronel da SS,
sob o comando do líder da Alemanha Nazista Adolf Hitler, a conduzir o
extermínio em massa de pessoas. Durante o julgamento, o réu tenta defender-se
das acusações de ter cometidos crime contra a humanidade, argumentado que ele
estava executando ações segundo suas atribuições como funcionário militar em
cumprimento as ordens de seus superiores, no caso, do líder do Partido
Comunista e demais chefes. Hannah Arendt, palestrante convidada para falar
sobre o julgamento de Eichmann, expõe esse cenário de conflitos éticos e morais
na tentativa de entender o que levara uma pessoa a não seguir
princípios éticos universais e a banalização destes mesmos princípios. No filme
a socióloga traz para discussão a questão da consciência moral.
Para entender melhor as
questões éticas e morais abordadas no filme “A banalidade do Mal”, faço uso de um
fragmento do texto de Marilena Chauí do livro Convite à Filosofia: “A
consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar
diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de
lançar-se na ação”.
Arendt também menciona a
posição da aceitação determinística, o que teria resultado em uma passividade
das pessoas que estavam sendo mortos, em destaque os judeus. Isto, embora não
justifique os meios para atingir um fim, teria sido um ingrediente comportamental que
colaborou na consecução do holocausto?
Embora não faça parte
pauta da proposta da resenha, convém lembrar que o povo alemão elegeu Hitler
como líder do governo, dando ao mesmo poderes para deliberar sobre suas
vontades e ações pessoais. Portanto, levar uma dezena de militares alemães a
julgamento foi uma forma simbólica de mostrar ao mundo que se fez justiça com
base nos princípios éticos e morais que regem a humanidade. Desta forma,
tentamos minimizar as barbáries tratando os efeitos sem grandes preocupações e
ações efetivas para evitá-las. Ainda não aprendemos a ser proativos na
prevenção de grandes atrocidades.