by JCosta
Quando li o livro "Eu sou Malala" fiquei maravilhado com a
história dessa adolescente paquistanesa da região de Swat. Filha de um
professor que também era o proprietário da sua própria escola, Malala
apaixona-se pela oportunidade de aprender, o que a leva a ter uma excelente
relação com todas as disciplinas previstas na grade de sua formação escolar.
Vivendo num país com predominância da religião muçulmana, onde o direito a
estudar é uma prerrogativa do gênero masculino, a menina Malala enfrentou um
panorama nada amigável durante o período que esteve na sua comunidade,
incluindo uma atmosfera, onde o talibã (população nativa muçulmana com
tendência extremista), faz apologia da não participação das meninas no processo
de educação formal no campo das ciências e da literatura, impondo a ideia que
às mulheres cabe o estudo da religião e a lida doméstica e cuidar do marido.
É natural que uma pessoa que tenha contato com as ciências, as artes e
a literatura, desenvolva uma outra percepção do mundo, instigando-a ao
pensamento crítico e, desta forma, possibilitando-as a expressar opiniões e a
caminhar com as próprias pernas. E Malala é um exemplo deste processo da
transformação através da educação e da vontade de aprender, portanto, uma
grande referência para o mundo.
Referências.
Precisamos de referências para tocar as nossas vidas. Precisamos de referências
para escolhermos os nossos caminhos. E no campo das boas referências talvez
possamos citar os nossos pais, às vezes não, de poucos políticos e de poucas
pessoas, seja na nossa comunidade ou mesmo no mundo.
Quando terminei de ler o livro, ainda com ele entre as mãos, fiz uma
reflexão sobre a história de vida da menina Malala e o ambiente em que ela
viveu. A primeira coisa que me levou a pensar é de parar de reclamar de coisas
pequenas, de agradecer e de aumentar a coragem de lutar por aquilo que achamos
certo e por nossos objetivos.
Sempre
valorizei as pessoas pelo que fizeram ou fazem e a Malala é uma dessas pessoas
que, ao materializar suas opiniões e ideias, gera circunstâncias para
transformações de coisas ruins em coisas boas contribuindo para um mundo mais
justo e melhor.
Mas confesso que, embora tenha vista na Malala uma grande referência de
força e determinação, fui surpreendido com o anúncio pelo comitê organizador do
prêmio Nobel da paz para a admirável menina paquistanês, o que foi uma
agradável surpresa. Outrossim, não podemos deixar de referenciar o indiano
Kailash Satyarthi que também foi contemplado com o Nobel da paz pelos seus
trabalhos na promoção do combate do trabalho infantil na Índia. Aos dois,
desejo que tenham sucesso nas suas propostas e ações e peço que toda a energia
da Natureza conspire a favor para iluminar cada vez mais os seus caminhos.