Como seria bom se todas as
pessoas tivessem consciência da força das palavras. Palavras podem elogiar ou desqualificar, provocar a discórdia ou unir pessoas; portanto, ter cuidados
ao formulá-las é sempre recomendável. Ao escrever um artigo ou uma crônica penso
na palavra certa para o lugar certo tendo o cuidado de não ofender ou criticar
por criticar, mas de fazer provocações e produzir reflexões.
Produzi-las nunca foi uma preocupação, embora
aconteçam situações que elas se neguem a pousar em lugar que eu possa vê-las. Desisto.
Dou tempo ao tempo e tento buscá-las em momentos futuros. Olho para as palavras
e troco a cor, deixo-as como estão ou as destruo. Leio e releio. Não tenho nenhuma
pena em retirá-las do alcance dos meus olhos ou trocá-las por outras mais
adequadas para dizer o que realmente eu quero dizer.
Sei, entretanto, que ao
escrever-se e publicar um texto temos a responsabilidade dos seus efeitos.
Publicar nossas opiniões e ideias é colocar a cara a tapas. Mas esse é o nosso
papel: colocar palavras em espaços visíveis para que o leitor possa ler e
ponderar. Pode ser que o leitor diga: “de onde esse cara tirou essa ideia; ele
tá maluco”, ou, “sabe, esse cara é um imbecil, imagina se isso vai acontecer”,
ou, “o cara é ótimo, ele reúne palavras que dão sentido para suas críticas e
observações”. É assim. Cada um tem seu jeito de juntar palavras, de expressar sua
visão, é a liberdade de olhar para uma paleta de cores e optar pelo azul ou
magenta.
A folha em branco oferece sua pureza
para ser maculada por símbolos autorizados ou não a pousar. Têm dias em que as
palavras fluem como uma avalanche de uma grande montanha de gelo, nestes casos,
precisa-se ter paciência para esperar que elas se acomodem na base da montanha.
Outras vezes a palavras são escassas e
não encontram a folha em branco para se juntarem em frases que possam ser
compreendidas. Tem dias que elas, as palavras, se insurgem contra seu criador:
é a rebelião do silêncio.
Algumas palavras anunciam que estão
dispostas a se materializarem em textos visíveis, o que significa que neste
momento estamos criando uma interface para expressar nossas ideias e pensamentos.
A matéria-prima está disponível; é hora de o artesão entrar em sena para moldar
o texto. Chega a hora do acabamento, dos retoques e, também, chega a hora de
dizer-se: “está pronto”, é a hora de parar, é a hora de desapegar e publicar.
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