quinta-feira, 18 de junho de 2015

A metamorfose do demônio

by JCosta

Pois, no dia 09 de junho o governo federal anunciou o Programa de Investimento em Logística – o PIL. Trata-se de um programa de privatizações de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos, sendo que a previsão de investimentos é de R$198,4 bi (pela iniciativa privada, é claro), dos quais R$69,2 bi devem ser aplicados entre 2015 e 2018 e R$129,2 bi a partir de 2019, ou seja, no próximo governo, o que caracteriza uma inteligente estratégia de marketing.

Mas, a questão mais surpreendente em toda essa história do programa PIL de privatizações foi a repercussão na ala dos “socialistas” radicais: nenhuma. Todos: os leninistas, os comunistas, os “marxistas” e o mais que se seguem permaneceram absolutamente quietos, o que em qualquer processo de decisão é interpretado como aprovado. É a metamorfose do demônio chamado privatização.

A receita dos princípios econômicos segue a cartilha global e, isto, passa pelo modelo de economia cuja base de negócios é sustentada por empresas e serviços administrados pela iniciativa privada com monitoramento de agências reguladoras do Estado. Diga-se de passagem são poucas as coisas que o governo faz bem, o que no momento, não me lembro de nem uma.

Ouvi por muito tempo uma gritaria por parte dos “socialistas” radicais contra o capitalismo, depois, contra o neoliberalismo, sendo que somente três ou quatro países no planeta Terra não adotam o capitalismo e, para praticar o capitalismo, necessariamente, há que se adotar alguns princípios do neoliberalismo, como por exemplo a livre concorrência, oferta e procura, garantias contratuais para as empresas e serviços privados, entre outros.

A grande sacada não é ser contra por ser contra, mas adotar aquilo que está dando certo em todo mundo, caso contrário corremos risco de nos abraçarmos com países como a Coréia do Norte e a Bolívia, pois até Cuba entendeu que aquela história de adotar princípios comunistas já está na contramão do desenvolvimento sustentável e perene.


Assim, o que no passado recente era inimaginável, agora é oportuno e adequado: é a razão se sobrepondo à emoção de um radicalismo que adquiriu bolor e teve que ser abandonado. O demônio do passado já não é tão destruidor como foi pintado. Bela metamorfose.

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