quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O diagnóstico

Foto: Plane Assessoria Contábil
O diagnóstico

JCosta

Diariamente nos defrontamos com problemas. Também, diariamente temos a necessidade de buscar e, se possível, encontrar soluções para problemas. Não menos importante é lembrar que existe literatura específica na gestão da qualidade que trata de maneira científica/método como identificar e resolver problemas. Todavia, a nossa opção é tratar o assunto de maneira mais light dando ênfase à prática do dia a dia.

Quando fala-se em problema há a necessidade de identificarmos qual é o problema, ou seja, personalizá-lo. Ah, antes de mais nada é importante ver se o que achamos que é problema é realmente problema. Feito isto, deve-se caracterizar o problema, o que significa formatar o mesmo de tal sorte que você possa falar dele, dizer do tamanho dele, que jeito ele tem.

Opa, aquilo que pensávamos que era um problema é (pelo menos para nós) um problema. Agora já temos parte do caminho percorrido. Próximo passo: encontrar a solução. Neste estágio, o da solução, eu gostaria de registrar uma citação do historiador Leandro Karnal: “A mesma cabeça que elabora a solução é a mesma que elabora o problema.” Em outras palavras poder-se-ia dizer: que a solução ou parte da solução de um problema está na cabeça de quem elaborou o problema. Todavia, a coisa não é tão simples assim. Existe problema, cuja solução foge do nosso entendimento/solução. Nestes casos, geralmente, busca-se a solução com a ajuda ou contratação de uma outra pessoa/especialista, cujo grau de conhecimento seja indicado/adequado para encontrar uma solução para o problema. Nesta fase, quando submetemos o problema à outra pessoa/especialista busca-se o diagnóstico do problema.

O diagnóstico. Segundo profissionais esta é a parte mais importante no processo da solução de um problema. Diagnóstico errado, “solução” errada. Diagnóstico certo, grande probabilidade de resolver o problema. Mas, se você contrata um profissional tenha presente que seu diagnóstico poderá não estar correto? Sim. Eis aí mais um problema: o diagnóstico errado. Nesta situação passa-se a ter dois problemas: o problema origem e o problema do diagnóstico errado. E aí, novamente, você vai ter que entrar no caso para ajudar na solução do problema. Como? Ficando atento a todo o processo da busca da solução do problema, o que eu chamo de aguçar a percepção. Na questão diagnóstico o erro e acerto estão separados por uma tênue linha de probabilidades. Defendo a tese que errar não é humano; acertar é humano. Mas estamos num mundo de infinitas possibilidades, entre elas as dos erros. Tem os que erram por ignorância (desconhecem o assunto), tem os que eram por incompetência e, tem os mal intencionados que erram de propósito por não assumirem o compromisso com o qual se comprometeram que, aos olhos do bom cidadão, achamos que simplesmente que ele errou: é o sacana.

Portanto, não pense que a titulação de uma pessoa lhe dá o poder do acerto. Todos nós precisamos estar atentos e participar na solução do problema, pois a mesma cabeça que encontra o problema pode e deve ajudar na solução do problema.

Painel - Materias diversos sobre lona 90 x 110 cm

Painel - Materiais diversos (fragmentos de isopor, terra, areia, massa acrílica e tinta acrílica) sobre lona - 90 x 110 cm.

by JCosta





terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O mito de um sistema político falido


 Foto: do blog Várzea Paulista

by Jornei Costa

Há mais de vinte anos li Arquipélago Gulag do romancista e historiador russo Alexandre Soljenítsin. Para não dizer que não recordo de nada das centenas de páginas do livro, arrisco a dizer que ele escreveu sobre a história política da rússia, onde o governo comunista se apropriava de tudo e de todos. Privacidade na Rússia de Soljenístsin nem pensar. Ninguém era dodo de nada, incluindo a sua vida e a da sua família. O escritor laureado com Nobel de literatura em 1970, embora na sua juventude tenha se definido como marxista-leninista, mais tarde, desgostoso com o panorama político do país muda seu perfil político para nacionalista-monarquista, sem entretanto, se inclinar pelo processo democrático, talvez porque tenha se acostumado como o processo escravista imposto pelos governantes com os quais conviveu. Mas, mesmo assim, preservou sua personalidade pensante, o que o fez discordar das barbáries praticadas pelos governantes de sua época. Isto (discordar do governo) lhe custou a decisão política de condenação aos institutos gulags, também conhecidos por campos de trabalhos forçados.

Embora comunismo e Rússia sejam assuntos recorrentes e tenha se esgotado, tenho certeza que ficou o mito e uma relação distorcida entre comunismo e socialismo, fato que levou vários políticos brasileiros, bem como seu eleitores a associarem seu comportamento e pensamento político ao sistema russo. Nunca vi essa situação como saudável e coerente, no máximo, via como uma proposta cheia de glamour ideológico niilista.

Para entender um pouco dessas posições ditas ideológicas e radicais, pesquisei sobre Karl Marx, Lenin e a Revolução Russa na busca de uma relação plausível e coerente entre pessoas e sistemas que justificassem tal simpatia a regimes autocráticos, ditatoriais e absolutistas; afinal, os russos moravam mal, vestiam mal e comiam mal e, em resumo, eram apenas “coisas” do, ou, a serviço do Estado. Uma amor doentio com ares de patologia ao estilo atual do Estado Islâmico.

No final do ano que passou, numa livraria, vi-me frente a afrente com o seguinte livro: A herança de Stalin – Três Gerações de Amor e Guerra de Oewn Mathews. Ôpa, talvez esteja neste livro a explicação para os simpatizantes e fanáticos pelo comunismo russo. Owen é formado em História e Política russa pela Columbia University Harrimam Center, St Antony's College Oxford e jornalismo pela Faculty of Moscou University. É escritor, historiador e jornalista inglês , tendo nascido na Inglaterra, mas cujos avós e mãe eram russos.

Ele vai atrás da história de seus avós. Para tanto, ele entra na Rússia atual para pesquisar e buscar informações da vida da sua família e da vida política do país que matou seu avô e acabou com a dignidade de sua avó e toda a sua família. O percurso foi longo, desde Stalin até datas mais recentes como os anos 1990. Trata-se de uma história real e triste. Falou de um regime política de dar medo a qualquer mortal que esteja acostumado com repúblicas com um mínimo de democracia. Como brasileiro, mesmo com um república em pedaços e um regime democrático em formação, confesso que, em momento algum fiquei com inveja do comunismo ou “socialismo” russo. Fiquei sim foi traumatizado com um regime, onde não somos donos nem mesmo da nossa alma. Aliá George Orwell em seu livro 1984, sem citar nomes, deixa bem claro essa situação em sua crítica a um país, cujas pessoas são monitoradas e dominadas pelo Estado.

Não quero apenas me contrapor aos que defendem e fazem apologia a regimes em extinção. Mas gostaria de dizer que não existe nenhum glamour em ser escravo ou não ser dono do próprio nariz. Sugiro que gastem energia em algo que respeite a propriedade privada, as pessoas e o livre ato de pensar, ao invés de brincarem com ideologias mofadas e inúteis.