segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Resenha filme “Banalidade do mal” – Hannah Arendt

by JCosta
 
Em foco: o julgamento de Adolf Otto Eichmann, que teve o posto militar de Tenente-Coronel da SS, polícia militar do regime nazista alemão, durante a Segunda Guerra Mundial, período compreendido entre 1939 e 1945.

 Eichmann foi levado a julgamento no tribunal de Nuremberg acusado de ter cometido crimes contra a humanidade, sendo responsabilizado pela logística de extermínio de milhões de pessoas no final da Segunda Guerra, a chamada “Solução Final”, operação na qual organizou a identificação e o transporte de pessoas para diferentes campos de concentração, tendo sido reconhecido como executor-chefe do Terceiro Reich.

 Em “Banalidade do mal”, entram em cena as figuras de Hanna Arendt, doutora em sociologia e o réu Adolf Otto Eichmann e uma plateia interessada em ouvir argumentos que permitissem explicar os motivos que levaram uma pessoa no papel do Tenente-Coronel da SS, sob o comando do líder da Alemanha Nazista Adolf Hitler, a conduzir o extermínio em massa de pessoas. Durante o julgamento, o réu tenta defender-se das acusações de ter cometidos crime contra a humanidade, argumentado que ele estava executando ações segundo suas atribuições como funcionário militar em cumprimento as ordens de seus superiores, no caso, do líder do Partido Comunista e demais chefes. Hannah Arendt, palestrante convidada para falar sobre o julgamento de Eichmann, expõe esse cenário de conflitos éticos e morais na tentativa de entender o que levara uma pessoa a não seguir  princípios éticos universais e a banalização destes mesmos princípios. No filme a socióloga traz para discussão a questão da consciência moral.

 Para entender melhor as questões éticas e morais abordadas no filme “A banalidade do Mal”, faço uso de um fragmento do texto de Marilena Chauí do livro Convite à Filosofia: “A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação”.

 Arendt também menciona a posição da aceitação determinística, o que teria resultado em uma passividade das pessoas que estavam sendo mortos, em destaque os judeus. Isto, embora não justifique os meios para atingir um fim, teria sido um ingrediente comportamental que colaborou na consecução do holocausto?

Embora não faça parte pauta da proposta da resenha, convém lembrar que o povo alemão elegeu Hitler como líder do governo, dando ao mesmo poderes para deliberar sobre suas vontades e ações pessoais. Portanto, levar uma dezena de militares alemães a julgamento foi uma forma simbólica de mostrar ao mundo que se fez justiça com base nos princípios éticos e morais que regem a humanidade. Desta forma, tentamos minimizar as barbáries tratando os efeitos sem grandes preocupações e ações efetivas para evitá-las. Ainda não aprendemos a ser proativos na prevenção de grandes atrocidades.

 

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