domingo, 14 de março de 2010

Uma revolução invisível

Jornei Costa

Vivemos a revolução de conceitos e valores. São as mudanças que vem a cabresto com as criações planejadas onde o lucro é o alvo principal.

O Estado começa a dividir suas competências com a iniciativa privada. As pessoas da sociedade civil assumem o ônus da ausência do Estado. O caos pela troca das atribuições se estabelece: os conflitos e as distorções são inevitáveis.

Embora sejamos regidos por um sistema de liberdade democrática e capitalista, não conseguimos ser tão independentes quanto precisaríamos e, como conseqüência ficamos vulneráveis aos novos conceitos e valores que se impõem como uma receita a ser seguida, com risco se não segui-las de sermos discriminados e, por que não, até socialmente excluídos. 

Nesta inversão de valores, a TV, o automóvel, o celular, o computador passam a ter lugar privilegiado em nossas mentes e corações, e, pessoas, diante destas novas figuras da mitologia moderna contracenam no cotidiano num papel secundário.

Habilidade profissional e desenvolvimento intelectual são erroneamente interpretados pelo idiota como esperteza e, o idiota esperto, é visto como inteligente. E assim criamos uma realidade na contramão da inteligência humana.

Pessoas imersas neste terremoto de apelos e propostas divulgados pela TV, meio de comunicação que monopoliza todas as atenções, com raras exceções, buscam imitar nos seus cotidianos o que vêem na tela da TV e do computador passando a viver uma realidade ilusória.

Todos se encantam com imagens e delas passam a serem vítimas. Os mais jovens, nas suas ingenuidades, aceitam as imagens como a única verdade, como a coisa que é certa. Tomar bebida alcoólica, por exemplo, é a coisa certa, pois o seu Ídolo, o Ronaldo, toma cerveja na TV e os incita a fazer o mesmo. A vida já não é tão importante como alguns mais conservadores dizem ser; afinal, os seus mocinhos matam sem qualquer piedade; então, isto é tido com certo.

Namorar passa a ser coisa do passado. Namorar é início ou talvez o meio e isto já não é mais importante, pois estamos recebendo as coisas prontas, no fim; então, eliminamos o início e o meio e vamos diretos pro fim: a última etapa do processo.

Quando não encontramos prazer na conversa, na leitura, na música, no aprender, no ver, no fazer vamos então para o prazer pronto, aquele que já é o final, queimamos etapas. E, quando nos oferecem o "prazer" das drogas vemos como a melhor opção de prazer. É o "prazer" fácil, que embora seja o prazer da morte mesmo assim é aceito. Mas esta questão de vida e morte já não é mais importante, pois elas já foram banalizadas pelos nossos “mocinhos” em filmes e novelas, repetidas vezes vistos e aceitos como “interessantes”. Talvez a proposta do “prazer” das drogas até fosse mais bem discutida se não precisasse apenas de dois componentes: dinheiro e de um idiota.

Pensar deveria ser um desafio e aceito como viável. Questionar e não fazer o que a maioria faz não pode ser visto como loucura, mas como tomada de posicionamento, discernimento. Não precisamos correr para onde todos correm. Não precisamos bater palmas porque uma maioria está batendo palmas, precisamos antes pensar se o homenageado merece ser aplaudido. 

Não somos pão da mesma massa, somos seres humanos, pensantes. Não devemos ter medo de ser diferentes, precisamos é ter medo de afundarmos no mesmo buraco.

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