quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Ao Príncipe, tudo; à plebe impostos

by JCosta 

Fiz e refiz as contas. Não tinha jeito, estava no limite de meu orçamento, precisava novamente fazer cortes na minha matriz de consumo. O novo ano já era anunciado e, portanto, a prudência recomendava que nos preparasse para alimentar a voracidade tributária do príncipe e dos amigos do príncipe.

No principado todos estavam preocupados e a pergunta que permeavam os vales e as colinas era:  "por que o 'Senhor' nunca estava satisfeito com tamanho dos tributos?"  O tempo ia passando e a cada dia tínhamos que trabalhar mais para atender a parte dos impostos que aumentava todo ano; a plebe, atordoada, sem entender muito bem a razão de tantos sacrifícios, restava suar mais.

Os catadores de lixo, preocupados, se perguntavam se também seriam taxados quanto ao papel coletados? Para alívio da classe, um dos catadores acaba com a aflição do pessoal ao anunciar que os recicláveis coletados estariam, até segunda ordem, isentos do pagamento de impostos, tendo que pagar somente sobre o que consumiam.

Os empresários refaziam suas tabelas de custos e buscavam alternativas para enfrentar os novos tempos, onde alguns, preocupados com a sobrevivência da própria prole, chegavam a pensar em esconder parte do jerimum produzido. Outros exercitavam tirar o café da criadagem ou demitir o alquimista, alegando que cada um teria que comprar o próprio sabão para lavar a sua roupa. De repente o contador, após ter feito as contas falou: alguém vai quebrar, ou nós ou..., ao que o chefe que o escutava atento, interrompeu: alguns já estão quebrados, nós precisamos sobreviver que se repasse para o povo o ônus dos custos, não tem jeito, é a lei de mercado.

Os trabalhadores, inconformados, se perguntavam: e os nossos representantes? Onde estão nossos representantes que não vêem que estamos sendo aniquilados pelo excessivo valor dos impostos? Alguém questiona: lembram o que disse Rousseau: “as suas revoluções quase sempre as entregam a sedutores que só fazem agravar suas cadeias”.

No castelo: luzes, barulho, festa.

 


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